Linhas de Pesquisa

1. Ditadura, autoritarismo e repressão no Brasil e na América Latina

Diante de um cenário marcado pelo avanço de um discurso autoritário e por sucessivas tentativas de revisionismo historiográfico que evidenciam uma forte disputa pela memória sobre temas como a ditadura militar, a linha “Ditadura, autoritarismo e repressão no Brasil e na América Latina” tem como objetivo principal discutir os golpes políticos e as crises institucionais que varreram o Brasil e a América Latina desde o final do século XIX até os dias atuais. Neste sentido, vemos uma grande necessidade de compreender as razões das sucessivas ditaduras e governos autoritários que se estabeleceram em nosso país e em todo o subcontinente ao longo do referido período, buscando problematizar a cultura política autoritária e a emergência de um discurso conservador e autoritário que possui forte relação com nosso passado recente e com uma cultura política autoritária e personalista. Assim, a linha se debruça sobre os governos autoritários e as ditaduras, buscando analisar tanto as formas de repressão e controle social (violações dos direitos humanos, perseguição política, censura, tortura, mecanismos institucionais de repressão,...) quanto as formas de resistência adotadas pela sociedade (movimentos sociais, culturais, intelectuais, militares,...). As relações institucionais e interinstitucionais também serão um importante objeto de análise, com especial interesse nas relações entre Executivo, Legislativo e Judiciário nos golpes, governos autoritários e crises institucionais. Conceitos como cultura política, ditadura, autoritarismo, fascismo, integralismo e direitos humanos serão fundamentais para as pesquisas aqui desenvolvidas. A linha contempla ainda a dimensão pedagógica e as possibilidades de relação destas temáticas com o ensino e com a educação básica.

2. Processos políticos e cultura política

O objetivo desta linha é abordar os processos e as transformações políticas e sociais que ocorreram no país e na Amazônia ao longo do período republicano. A história dos partidos políticos e das instituições, com ênfase nas disputas políticas e eleitorais e no processo de formação e recrutamento das elites políticas e econômicas, dividirá espaço com análises voltadas à cultura política e às representações. Neste sentido, a linha abrange pesquisas que analisam o processo de formação e recrutamento das elites, as disputas oligárquicas, a formação, atuação e natureza dos partidos políticos, os processos eleitorais e institucionais desde a proclamação da República até dos dias atuais, tendo como conceitos norteadores cultura política, ideologia, representações, trabalhismo, comunismo, populismo, representatividade/representação, direitos humanos, gênero e etnicidade. A dimensão do ensino e as interfaces com a educação básica também serão exploradas nesta linha.

3. Trabalho e trabalhadores na região Amazônica

A linha engloba pesquisas sobre os mundos do trabalho e as transformações políticas e sociais ocorridas na região amazônica a partir do final do século XIX. Neste sentido, contempla pesquisas que busquem analisar as diversas formas de experiências vividas nos múltiplos mundos do trabalho (enfatizando as interfaces entre trabalho urbano e rural, trabalho livre e compulsório). Aliado a isso, discute questões como classe, sindicalismo, classe operária, legislação trabalhista e sindical, justiça do trabalho, gênero e etnicidade, buscando discutir a atuação, a experiência e o protagonismo dos trabalhadores brasileiros durante o período. A linha se estrutura em torno de alguns conceitos norteadores fundamentais na perspectiva da História Social do Trabalho, tais como classe, experiência, gênero, etnicidade cultura e interseccionalidade. A dimensão do ensino de história e as pesquisas a ela relacionadas estão contempladas nas pesquisas da linha.

4. Etnicidade e Mundos do Trabalho em perspectiva Decolonial

Com o objetivo de promover pesquisas e debates sobre temas relacionados aos povos tradicionais da Amazônia (indígenas, quilombolas, e seringueiros), a  presente linha se articula a partir do eixo Mundos do Trabalho e dentro da perspectivas dos estudos decoloniais.

Conforme Hobsbawm, as décadas de 1960 e 1970 marcam o aparecimento de novos sujeitos no debate público com demandas que integram a dimensão de classe com a dimensão cultural. Grupos étnicos, movimentos das mulheres e outros setores considerados minoritários reivindicam lugares de fala e atendimento por redistribuição e reconhecimento. Para a Amazônia, esse período marca também a organização do movimento indígena (dimensão étnica) e das populações extrativistas (dimensão do trabalho) e mais recentemente as comunidades quilombolas (dimensão étnica) que perfazem novas formas e unidades de ação e mobilização política no campo e na cidade.

O entendimento de que a dimensão de classe, de forma isolada, não dá conta de todas as pautas e solicitações dos movimentos sociais, possibilitou a construção de conceitos e categorias que pudessem dar conta dessas mudanças. Conceitualmente, a critica ao pensamento colonial e todas as suas formas de classificação e representação de mundo forjou novas ferramentas teóricas de luta. Para América Latina, essas novas reflexões foram chamadas de “pensamento decolonial”, caracterizado pelas especificidades das lutas e das reflexões locais, ancoradas na historicidade dos processos próprios aos povos latino americanos. A partir desse olhar crítico em que as formas de interpretação, classificação e ação diante do mundo ocupam um lugar central, os processos educativos são considerados essenciais para a construção de um mundo não racista e que a escola não sirva como lócus de reprodução de preconceitos e desigualdades.

5. História da Imprensa na Amazônia (LHIA)

O Laboratório de História da Imprensa na Amazônia (LHIA) tem como objetivo fundamental desenvolver pesquisas sobre Imprensa e Cultura Letrada e sobre Imprensa e Mundos do Trabalho), com forte inflexão para os estudos acerca da Imprensa de trabalhadores, tendo como um de seus principais objetivos inventariar a produção periódica.